"A Fuvest, que seleciona os ingressantes da USP, a principal universidade do país, terá pela primeira vez na história uma lista de leitura obrigatória só com obras escritas por mulheres. Diante do peso que a Fuvest e a USP têm, essa não é apenas uma mudança no vestibular, mas que impacta o ensino da literatura no país."
"Essa é uma lista de ruptura", afirmou Gustavo Monaco, diretor-executivo da Fuvest e membro do Conselho Universitário da USP.
"Temos consciência de que haverá resistência, mesmo internamente na universidade, porque a lista de leitura obrigatória sempre seguiu a linha, justificável, de exigir a leitura dos cânones", disse.
"Obviamente ninguém discute que os autores das listas anteriores sejam grandes nomes, mas a pergunta que se deve fazer é: até que medida essa consagração tem relação com o fato de tantas autoras terem sido silenciadas na história da literatura?"
Com essa lista, os professores do ensino médio poderão trabalhar com os alunos as características das escolas literárias da mesma forma que faziam com Machado de Assis, José de Alencar, com todos os cânones."
Além disso, Monaco espera que a mudança gere também um debate sobre esse silenciamento dessas autoras. "Queremos ver como será esse resgate na educação."
Vice-reitora da USP e presidente do conselho curador da Fuvest, Maria Arminda do Nascimento Arruda, que participou da decisão da mudança da lista dos livros, defendeu que é importante valorizar a mulher na literatura não apenas como personagem, mas também como autora. Aluísio Cotrim Segurado, pró-reitor de graduação da USP, considerou que essa foi "uma mudança corajosa".